Thursday, April 16, 2009

Sun City, o paraíso perdido


Ruben Obadia*


Fernando Pessoa escreveu um dia “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. É certo que Sun City estava ainda longe de ser erguida mas se há local no mundo onde esta máxima faz sentido é neste resort situado a 187 kms de Joanesburgo, África do Sul.
Circundado pelas imponentes montanhas do Pilensberg, Sun City começou a nascer na década de 70 pela mão de um visionário, Sol Kerzner. O empresário afirmou um dia ser “o Indiana Jones dos negócios” e é fácil perceber porquê. O resort remete-nos para uma cidade perdida na selva, onde a atenção ao pormenor, aos pequenos detalhes, chega quase a ser uma obsessão.
A primeira unidade a ser inaugurada foi o Sun City Hotel, construído em 1979 junto ao actual campo de golfe com a assinatura de Gary Player. É aqui que se situa o casino, no seu tempo o único local na África do Sul onde era permitido jogar, e o Sun City Theatre, com 640 lugares. Dispondo de 340 quartos, todos orientados para uma piscina, este quatro estrelas disponibiliza uma variedade de bares e restaurantes, desde o Orchid, especializado em comida asiática, ao Raj, indiana, Calabash, comida sul-africana, entre outros. Quase 30 anos após a sua construção, o Sun City Hotel iniciou em 2007 um processo de renovação das suas infraestruturas, num investimento global de 21 milhões de euros que ficará concluído em Novembro deste ano. Estas mudanças fazem-se sentir não só ao nível da decoração dos quartos como também no aumento e modernização das casas de banho. Segundo Boris Bornman, director de operações do Sun City Resort, “o design está em harmonia com o verde da vegetação do exterior e a paisagem de cortar a respiração”.


Em 1982 abria o segundo hotel de Sun City, o The Cabanas, um três estrelas, situado junto a um lago, com uma vocação clara para acolher famílias. Com 380 quartos, oferece um conjunto de equipamentos concebidos a pensar nas crianças, com destaque para o Kamp Kwena Fort, um aviário que acolhe aves exóticas, uma quinta ecológica, mini-golfe, gaivotas e trampolins. Também neste caso o Cabanas foi alvo recente de uma profunda remodelação. Apesar de o lobby manter a sua decoração original, um mosaico de papagaios, peixes e flores, a intervenção fez-se sentir ao nível das habitações. Os quartos surgiram de cara lavada, apostando num design retro de estilo europeu, predominando o rosa e o verde-água. Mas se pensa que o facto de estarmos perante um três estrelas isso o diminui face aos seus ‘irmãos’ mais ostensivos, desengane-se. O Cabanas talvez seja o hotel que oferece o ambiente mais descontraído do resort e disso faz gala.


Dois anos após a abertura do Cabanas, em 1984, abria o Cascades. Ao longe assemelha-se a uma pirâmide maia. Puro engano! Estamos diante um cinco estrelas, com 243 quartos, envolto em jardins luxuriantes e que disponibiliza duas piscinas, uma delas aquecida.


Mas a verdadeira pérola estava guardada para o fim. Em 1992 nascia o The Palace of the Lost City, um ‘seis estrelas’ onde nada, mas mesmo nada foi e é deixado ao acaso. Feche os olhos e imagine uma tribo africana fluorescente, rica, imaginativa, onde o conhecimento e o respeito pela natureza fosse o seu bem mais precioso. Continue com os olhos fechados e imagine agora a sua cidade, as ruas, os jardins, os lagos, os recantos. Pode abrir agora os olhos e vai descobrir que imaginou o Palace ao pormenor. Com 338 suites, o destaque vai para as camas king-size esculpidas manualmente. O salão de chá é local obrigatório de peregrinação e o Villa del Palazzo, um restaurante que aposta na gastronomia italiana, surpreende pela inclusão no seu menu de vários pratos de caça.


* O jornalista viajou a convite da Across

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