Tuesday, April 14, 2009

Carnatal: o Carnaval fora de horas

Carina Monteiro*

A cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, nordeste do Brasil, celebrou mais um Carnatal (Carnaval de Natal), o 18º. Para a maioria dos portugueses que viajam para Natal sobretudo por causa das praias, o Carnatal é ainda desconhecido. No entanto, e em números, o Carnatal é o maior Carnaval fora de época do país. Todos os anos, mais 13 milhões de pessoas, entre brasileiros e turistas, enchem as ruas da cidade para quatro dias de folia. O Carnatal celebrou-se entre os dias 4 e 7 de Dezembro e, para comemorar a maioridade do evento, desfilaram dez blocos, cada um composto, em média, por quatro mil foliões. O percurso foi o mesmo dos anos anteriores, 3800 metros de extensão, sendo 800 metros só no corredor da folia, onde ficam os 294 camarotes e as arquibancadas (com capacidade para nove mil pessoas).

Festa faz-se nos Camarotes
A festa começa cedo, às 17h os foliões começam a chegar ao recinto ou, então, como é hábito, reúnem-se em casa de alguém antes de seguirem para o Carnatal.
Quem não quis entrar nos blocos, pôde optar pelos camarotes, pagando em média 250 reais pela entrada. Dos camarotes assiste-se de perto às performances das bandas de maior sucesso da música baiana e músicos potiguares (naturais de Rio Grande do Norte) que desfilaram nos blocos. A cantora Ivete Sangalo, bem conhecida dos portugueses, foi uma das actuações deste ano. Os camarotes têm diversão para todos os gostos. Os especiais têm atracções também especiais: DJ’s, salas de Internet, lounge, comida e bebida, áreas de relaxamento, de alimentação e pistas de dança. A festa faz-se até haver energia para pular.

Natal de dia
Nesta altura do ano começa o Verão no Brasil. É por isso que o Carnatal não é o único motivo para visitar a cidade. Natal, assim como toda a região do Rio Grande do Norte, é conhecida pelo seu litoral, com quase 400 quilómetros de extensão. O melhor cartão postal de Natal são as praias paradisíacas e as dunas, as maiores do país, o que faz com que os passeios de buggy sejam a maior atracção do destino. Os passeios de buggy fazem-se em outras cidades do Brasil, como Fortaleza, mas aí é preciso andar quilómetros para encontrar dunas. A grande vantagem de Natal é que as dunas vivem paredes meias com a cidade, e só é preciso atravessar a recém construída ponte Forte-Redinha para entrar num verdadeiro parque de diversões natural. Por cerca de 75 reais por pessoa aluga-se um buggy com capacidade para quatro pessoas, com um “bugueiro” que os conduzirá por uma viagem que se quer com “extrema emoção”. Pelo meio, paragem para beber uma água de côco ou dar um mergulho nas lagoas que se formam entre as dunas.
As dunas são “o pulmão” do turismo de Natal. Foi a expressão usada por um dos bugueiros que acompanhou o grupo. No entanto, se a proximidade com a cidade é vista co­mo uma mais-valia, também pode causar alguns problemas. Como é o caso da construção desenfreada. Existem projectos imobiliários para esta zona, mas que os bu­gueiros que­rem que sejam controlados pa­ra não destruir “a atração da cidade”.

Cultura Potiguar
A alegria e a religião estão no sangue dos potiguares. É por isso que a região tem um sem número de festas, procissões, shows e eventos. Os potiguares sabem receber. E pequenas iniciativas como a de Kadmo Donato, bugueiro de profissão, que já vai na terceira edição do dicionário de “potiguês”, feito pelo próprio, são um bom exemplo de como os potiguares gostam de receber e mostrar a sua cultura aos turistas. Terra de pescadores, o nordeste tem uma cozinha rica em sa­bores vindos do mar, como é o caso do camarão, abundante na região. Comida, bebida e festa são razões de sobra para conhecer Natal. n

* A jornalista viajou a convite da TAP e da Emprotur

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